29 julho, 2008

:: cão

Estava na sua casa.  Eu e a  sua casa vazia, a casa que parecia que ria.  O cão debaixo da cama. Eu e o cão de vigia. E às cinco, como se ele tivesse olhado no relógio vermelho, ele, cão, se espremeu e saiu debaixo da cama. Veio sentar-se sob meu pé – como se buscasse proteção. Mas o que eu poderia fazer? Na casa estranha e quieta. Olhei-lhe nos olhos. Quis dizer que eu nada podia fazer. Estávamos no mesmo barco amigão – afaguei seu pêlo. Sua cabeça esquentava a sola do meu pé com meia branca e cinza. Ele olhou-me profundamente nos olhos. Retribuiu o olhar o cão – que era dela e não meu. Que tinha um olhar de velho sábio cansado da vida. Olhou profundamente bem dentro dos meus olhos e como se nada fosse me fitou e, piscou. Achei que tinha alguém dentro dele, mas aí ela chegou. 

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